Manuela Ferreira Leite no debate com Francisco Louçã a propósito do casamento entre pessoas do mesmo sexo:
(…) e portanto nessa circunstância são situações diferentes, que eu respeito - que eu respeito - mas que não aceito que seja considerado a mesma coisa. E é exactamente aqui que está a tolerância: perante situações diferentes, há tratamentos diferentes. Porque quando as situações são diferentes e eu quero que elas sejam iguais quer dizer que eu estou a esconder alguma coisa, não aceito essa desigualdade – e aí é que está a intolerância.
Debate civilizado, sem merdas, ao contrário do debate entre José Sócrates e Paulo Portas. Se Sócrates e Portas tinham aquele tom vil, mesquinho, de gozo, durante o debate inteiro, como se fossem duas gajas a disputarem o mesmo porteiro musculado da discoteca de kuduro do Parque das Nações, Ferreira Leite e Louçã tinham o tom e a expressão de duas pessoas civilizadas, sem merdas - repito - a discutirem ideias e pontos de vista - repito - sem merdas, sem gozos e sem caretas.
A certa altura do debate, Francisco Louçã queixa-se que o sistema nacional de saúde não devia ser como é e que todas as pessoas deviam poder ser atendidas a tempo, etc. Manuela Ferreira Leite diz que não é assim, que temos que aceitar isso, que é a vida. Louçã diz-lhe que isso é conformismo. Abano a cabeça, falo sozinha, finjo intervir no debate. Não há muito mais conformismo no facto de uma pessoa se queixar que as coisas deviam ser assim e assado e não sair desse discurso? Para mim é esse o problema destes gajos: muitas ideias of how things should be no mundo perfeito e muito pouco é a vida. E eles já não têm dezasseis anos. Louçã até já tem cabelo branco. O é a vida da Manela significa ver as coisas ao perto, com pragmatismo. Vê-se o problema e age-se.
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