quarta-feira, setembro 30, 2009

Biclas

Ontem não havia lugar e tive de esperar que uma bicicleta saísse para estacionar. Mais tarde, quando tirei a bicicleta para me ir embora, um homem já estava à espera para estacionar lá. Também já me apitaram por eu ir no lado direito da estrada e hoje grunhiram umas palavras em sueco quando eu avancei vinda da esquerda e não tinha prioridade. É a experiência mais parecida que já tive com ter um carro.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Assepsia

Dar um aperto de mão em vez de dois beijinhos sempre que se conhece alguém. Treina-se a firmeza do aperto de mão e é uma maravilha de tão asséptico que é.

domingo, setembro 27, 2009

The pains of being pure at heart

Well you may be pure at heart but you're a pain in the ass.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Oferenda 2

Esta oferenda era maior e não coube no correio: recebi um postal para levantá-la.
Os gajos aqui não têm correios, é uma coisa estranha. Fui buscar a encomenda a uma estação de serviço, daquelas com bombas de gasolina, em cascos de rolha. Graças a isto conheci uma parte nova da cidade e mais uma floresta gigantesca e linda que tive de atravessar na minha bicla. Ainda por cima agora o chão das florestas já está cheio de folhas amarelas e é tudo muito lindo.


Posso afiançar que os chinelos são confortáveis e que as canetas escrevem bem. Reparar no pormenor adorável que é a Miffy do caderno estar a andar de bicicleta no meio de flores. A minha bicla também é vermelha e branca, ainda por cima.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Filmes

Dificilmente se encontrava isto numa biblioteca municipal em Lisboa.

quarta-feira, setembro 23, 2009

segunda-feira, setembro 21, 2009

And now for something completely indie

Comprei um fazedor de waffles que faz waffles em forma de coração. Aquela parte com mau aspecto é doce de maçã.



sábado, setembro 19, 2009

É por estas e por outras que não há como não gostar de pessoas

Jogar volleyball ao sábado à tarde com um grupo de pessoas que jogam volleyball aos sábados à tarde. Até aqui tudo normal. O grupo de pessoas é sueco ou fala sueco - até aqui tudo normal, também. Vou com uma das minhas colegas portuguesas pela primeira vez. Formam-se várias equipas e não ficamos na mesma equipa. Quando passam duas horas de jogos e são duas da tarde, algumas pessoas vão embora e algumas ficam e jogam mais um bocadinho. Formam-se novas equipas e eu fico na equipa da minha colega.

E é aqui que as coisas se tornam giras: "distribui jogo", diz-me ela, tipo gíria voleibolística (fiquei a saber que isso significa passar a bola às pessoas mas dizer isso desta forma deve ser um bocado rudimentar, não sei), "a bola é deles", diz-me ela antes de eu atirar a bola para a outra equipa, como se eu não soubesse. Pega em mim, assim pelos ombros, e põe-me noutro lugar do campo quando é tempo de fazer a rotação e passar para uma nova posição no campo, como se eu não soubesse também. Se faço um passe mal feito, dá um conselho e diz que eu devia fazer mais assim e assado.

Esta série de acções dura uns três minutos, é verdade. É tudo muito rápido. Até que eu decido ser honesta: "eu sei, pára de tentar exercer poder sobre mim", digo-lhe eu. Não sei se ela merecia a minha honestidade, provavelmente não, mas a minha frase funciona (há que ser pragmático de vez em quando).
A minha frase é também uma forma de exercer poder: acabei por lhe dar uma ordem a ela e talvez se tenham invertido os papéis. Talvez seja a única forma de equilibrar o poder entre as pessoas.

Qual funcionário no seu guichet, qual bicharoco esfomeado: aproveitar a circunstância certa para exercer um bocadinho de poder, para comer um bocadinho do outro.

É por estas e por outras que é impossível não gostar de pessoas - de um ponto de vista sociológico, claro. Agora que penso nisso é uma frase boa para se dizer a alguém: gosto de ti do ponto de vista sociológico.

sexta-feira, setembro 18, 2009

Fotografias da vida doméstica a armar ao pingarelho





Ou esta máquina não presta ou eu não sei mexer nela. Eu acho que é uma combinação das duas coisas.

quinta-feira, setembro 17, 2009

Pássaros

Aqui até os pássaros são mais controlados: vivo no meio de árvores e de outras cenas verdes mais pequenas e ainda não ouvi um único pássaro piar desde que aqui estou. Ou se calhar já migraram. Só sei que em Lisboa ouço pássaros a toda a hora e só há uma dúzia de arbustos na rua.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Finalmente

Já se anda de sobretudo sem se ter calor nem frio de sobretudo vestido e já dá para deixar de sentir as mãos nas viagens de bicicleta. O coiso da meteorologia diz que estão 13 graus neste preciso momento. O que é que são 13 graus em Portugal? Inverno não muito frio?

terça-feira, setembro 15, 2009

Erros ortográficos

As minhas colegas criaram um blogue. Vão ser três gajas a escrever. Dois erros ortográficos em meia dúzia de linhas: vai ser giro.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Não consigo contrariar

A minha falta de jeito para happenings sociais: um jantar com umas dez pessoas, todas estudantes de psicologia, menos três. Era aqui na cozinha e sala comum do meu prédio. Cada pessoa cozinhava qualquer coisa típica do país de onde vinha. Sim, é uma ideia agradável para pessoas que gostam do Querido, mudei a casa, por exemplo, acho eu.

Conversas sobre coisas que nem me consigo lembrar mas que têm sempre a ver com a comida, com os hábitos dos países e com saídas à noite: "opá, em Portugal saímos até às seis e meia da manhã, há pessoas que até vão de ressaca para as aulas", "pois, aqui na Suécia saímos para as discotecas às sete da tarde", "ai que comida tão boa", "este vinho é óptimo", "vão ao baile na sexta-feira? depois há discoteca até às 4h".
Get to know each other numa hora, topam?

Não quero dizer mal das conversas, não sou é talhada para isto. Eu faço um esforço, dou uma chance de vez em quando, mas não vale mesmo a pena.

Cenas

Este é o Cenas. Saiu agora num ovo Kinder.



domingo, setembro 13, 2009

Com que então isto tem nome: pop evangelical psychology

Another group of popular writers who address health issues has emerged among evangelical Protestants as a result of the growing industry of Christian counseling. These Christian writers have produced many practical guidebooks and self-help manuals. They include Tim LaHaye (How to Win over Depression, 1974), Bruce Larson (Living on the Growing Edge, 1968), David Seamands (Healing for Damaged Emotions, 1983), and Robert Schuller (Tough Times Never Last, but Tough Peole Do!, 1983). These Christian writers provide an interesting mix of cognitive behavioral psychotherapy, positive thinking, and practical suggestions based on the Bible, an approach that has become known as pop evangelical psychology.

Koening, H., McCullough, M., Larson, D. (2001) Handbook of religion and health. London: Oxford

Será que o Doctor Phil é pop evangelical psychology?

sábado, setembro 12, 2009

A grande final

Foi doloroso. Foi como ver uma pessoa ser espancada, levar murros atrás de murros durante uma hora. Como nos filmes sobre gajos que fazem box: quando vemos o Paul Newman, coitado, todo lixado, por exemplo. Sangue imaginário a jorrar do sobrolho e do nariz da Manuela Ferreira Leite.

Sócrates é o rei dos debates: vem munido com o programa eleitoral do adversário, cenas sublinhadas a marcador amarelo não-fluorescente, aponta contradições, cada coisa que ele diz fica a Manuela Ferreira Leite desarmada e a balbuciar um manancial de palavras que não querem dizer nada em concreto.

Manuela Ferreira Leite fala e Sócrates abana a cabeça em desaprovação, faz um sorriso com metade da boca, põe um ar de estranheza, forma rugas ao pé do olho direito de tanto sorrir com o lado direito da cara, diz "pelamordeDeus", "desculpe?" com o ar de quem está a dizer "epá, só dizes disparates".

Sócrates vem preparado, teve treinos intensivos para isto - dá para ver. Até se mete com citações profundas que diz que estão escritas na entrada da Faculdade de Medicina no Porto. E isto até pode ser uma vantagem para a Manuela Ferreira Leite, para quem vir as coisas de certa forma: Sócrates é excessivamente bom actor, está demasiado bem preparado e isso nota-se demasiado e parece um bocado perverso. A Manuela Ferreira Leite parece mais honesta, como se tivesse acabado de vir de um jantar de família e tivesse brincado com os netos à tarde.

Agora os efeitos disto: será que quem está a pensar votar PSD caga nos debates, vê as coisas como eu disse ali em cima e vota na mesma no PSD? Será que há muitas pessoas que se vão voltar para o CDS-PP?

O que dirão os politólogos? Também gostava de estar Sic Notícias a encher chouriços.

Sábado

What good am I if I'm like all the rest,
If I just turn away when I see how you're dressed,
If I shut myself off so I can't hear you cry,
What good am I?

What good am I if I know and don't do,
If I see and don't say, if I look right through you,
If I turn a deaf ear to the thunderin' sky,
What good am I?

What good am I while you softly weep
And I hear in my head what you say in your sleep,
And I freeze in the moment like the rest who don't try,
What good am I?

What good am I then to others and me
If I've had every chance and yet still fail to see
If my hands are tied must I not wonder within
Who tied them and why and where must I have been?

What good am I if I say foolish things
And I laugh in the face of what sorrow brings
And I just turn my back while you silently die,
What good am I?


(o gajo é o Bob Dylan, a música chama-se What good am I?, o disco chama-se Oh Mercy)

quinta-feira, setembro 10, 2009

Hierarquias

Na hierarquia das nossas relações, existem aquelas pessoas que conhecemos (antigos amigos, por exemplo) com quem trocamos informações básicas sobre a vida quotidiana de quatro em quatro meses ou de seis em seis meses. De ano a ano talvez se combine um café (detesto esta expressão, a propósito). São aquelas pessoas que não sabem muito bem o que andamos a fazer da vida nem nós sabemos da vida delas - e o que sabemos sobre a vida delas sabemo-lo com um atraso de seis meses - e em que tudo vai bem porque ninguém tem muito interesse nisso excepto de cinco em cinco meses por uma questão de rotina e alguma curiosidade.

Depois há as pessoas mais próximas com quem trocamos mais informações sobre a vida e acontecimentos quotidianos em ciclos mais regulares de tempo: de semana a semana, de três em três dias, de quinze em quinze dias no máximo. Em alturas com muita coisa para fazer, no limite, de mês a mês. Essas pessoas normalmente sabem como vai a nossa vida quotidiana: se partimos uma perna, se estamos a trabalhar, se mudámos de casa, se morreu alguém, se já começámos as aulas. Algumas até sabem de vez em quando se temos umas calças novas. Nós também sabemos essas coisas sobre elas.

E tudo vai bem assim porque estamo-nos todos a cagar uns para os outros e mantemos as nossas rotinas - e isto é bestial. Isto é, as nossas relações são desinteressadas in a positive way. Espontâneas: fazemos o que nos apetece quando nos apetece e fazemos o que sentimos de um modo geral.

Mas algo de mesquinho e abjecto ocorre, nesta segunda categoria de pessoas, quando esta rotina é quebrada e a segunda categoria de pessoas opta por um voto de silêncio drástico e forçado, de um dia para o outro, sem mais nem menos. Forçado, não espontâneo, premeditado, com interesses específicos. Algum ressentimento pela felicidade e bem-aventurança do outro. Sim, mesmo numa situação em que a outra pessoa vai viver para outro país, por exemplo. As perguntas de rotina - mesmo as mais básicas - deixam de existir: se a viagem correu bem, se o avião não caiu, se está tudo bem, estás a gostar de aí estar, etc.

Isto vai para além da má educação, claro. Há maldade nisto. Mentalmente já colocámos essas pessoas naquela primeira categoria de que falei.

Facebook

Todas as pessoas que vou conhecendo me perguntam se tenho facebook, como quem pede um número de telefone e não está à espera de uma resposta negativa. Neste dias, dizer que não se tem facebook é a mesma coisa que dizer que não se tem telemóvel: a reacção que provoca nas pessoas é igual.

quarta-feira, setembro 09, 2009

Harmonia (ou post à la Francisco)

Tinha e tenho expectativas acerca do ensino aqui na Suécia - mas vim sem expectativas sobre o conteúdo das cadeiras.

Quando me perguntam regularmente que área da psicologia quero seguir, o que é que quero fazer da vida, etc - e eu tento regularmente responder como se estivesse preocupada com isso - a minha ideia abstracta de coisa que gostava de fazer no futuro mistura psicologia, política e religião e intervir em comunidades. Mas eu achava que eram coisas relativamente incompatíveis e que provavelmente era preciso sair da psicologia e mudar-me para ciência política, por exemplo. É isso que nos fazem crer na universidade.

Agora chego aqui e tenho duas cadeiras. Uma é sobre psicologia da religião, sobre o sentido que as pessoas dão à vida, etc (ainda só tive uma aula, não consigo descrever melhor). A outra sobre saúde pública e políticas estatais para melhorar a saúde e a qualidade de vida da população. Cadeiras que foram escolhidas quase por exclusão de partes porque não há muita variedade de cadeiras dadas a inglês para a malta das ciências sociais.

Podia acabar com uma frase qualquer profunda mas acho que se percebe a ideia.

terça-feira, setembro 08, 2009

Choque cultural

Dificilmente isto aconteceria no ISCTE, acho eu: começar a primeira aula de uma cadeira de psicologia e passado meia hora estarmos - um auditório com umas 50 ou 60 pessoas - de olhos fechados a fazer um exercício de respiração como os que fazem na meditação. O objectivo era mostrar que quando respiramos com a nossa respiração natural, como os animais, é muito mais difícil concentrarmo-nos em coisas que nos incomodam e sentirmo-nos mal.

Isto tem a ver com o sistema nervoso simpático e com o sistema nervoso parasimpático: o que os animais fazem é estimular o sistema nervoso parasimpático através da respiração, sempre. Por isso é que ultrapassam as coisas desagradáveis muito rápido. Diz a wikipedia:

O sistema nervoso parassimpático é o responsável por estimular acções que permitem ao organismo responder a situações de calma, como fazer yoga ou dormir. Essas acções são: a desaceleração dos batimentos cardíacos, diminuição da pressão arterial, a diminuição da adrenalina, e a diminuição do açúcar no sangue.

A ideia não é nenhuma novidade, claro. Também há professores a fazerem investigação nesta área no ISCTE (curiosamente quem a faz é um professor que já deu aulas aqui na Universidade de Uppsala).

A professora é americana e parece uma Joanna Newsom de 50 e tal anos com o cabelo mais curto. No final os alunos aplaudem a aula e eu estranho. Depois de indagar uma colega sueca, fico a saber que é costume aplaudir sempre as aulas como forma de agradecimento ao professor por ter transmitido conhecimentos e por se ter deslocado até ali (porque há muitos professores que vêm de Estocolmo para estar ali). Não é adorável? O cúmulo da politeness?

segunda-feira, setembro 07, 2009

É mesmo isso, pá

Manuela Ferreira Leite no debate com Francisco Louçã a propósito do casamento entre pessoas do mesmo sexo:

(…) e portanto nessa circunstância são situações diferentes, que eu respeito - que eu respeito - mas que não aceito que seja considerado a mesma coisa. E é exactamente aqui que está a tolerância: perante situações diferentes, há tratamentos diferentes. Porque quando as situações são diferentes e eu quero que elas sejam iguais quer dizer que eu estou a esconder alguma coisa, não aceito essa desigualdade – e aí é que está a intolerância.

Debate civilizado, sem merdas, ao contrário do debate entre José Sócrates e Paulo Portas. Se Sócrates e Portas tinham aquele tom vil, mesquinho, de gozo, durante o debate inteiro, como se fossem duas gajas a disputarem o mesmo porteiro musculado da discoteca de kuduro do Parque das Nações, Ferreira Leite e Louçã tinham o tom e a expressão de duas pessoas civilizadas, sem merdas - repito - a discutirem ideias e pontos de vista - repito - sem merdas, sem gozos e sem caretas.

A certa altura do debate, Francisco Louçã queixa-se que o sistema nacional de saúde não devia ser como é e que todas as pessoas deviam poder ser atendidas a tempo, etc. Manuela Ferreira Leite diz que não é assim, que temos que aceitar isso, que é a vida. Louçã diz-lhe que isso é conformismo. Abano a cabeça, falo sozinha, finjo intervir no debate. Não há muito mais conformismo no facto de uma pessoa se queixar que as coisas deviam ser assim e assado e não sair desse discurso? Para mim é esse o problema destes gajos: muitas ideias of how things should be no mundo perfeito e muito pouco é a vida. E eles já não têm dezasseis anos. Louçã até já tem cabelo branco. O é a vida da Manela significa ver as coisas ao perto, com pragmatismo. Vê-se o problema e age-se.

domingo, setembro 06, 2009

Dylan e Jarvis

Duas músicas, uma ideia.
Acham que é a mesma ideia? Quais são as diferenças?
Podem comentar, analisar os poemas como nas aulas de português.

It ain't me, babe

Go 'way from my window,
Leave at your own chosen speed.
I'm not the one you want, babe,
I'm not the one you need.
You say you're lookin' for someone
Never weak but always strong,
To protect you an' defend you
Whether you are right or wrong,
Someone to open each and every door,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

Go lightly from the ledge, babe,
Go lightly on the ground.
I'm not the one you want, babe,
I will only let you down.
You say you're lookin' for someone
Who will promise never to part,
Someone to close his eyes for you,
Someone to close his heart,
Someone who will die for you an' more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.

Go melt back into the night, babe,
Everything inside is made of stone.
There's nothing in here moving
An' anyway I'm not alone.
You say you're looking for someone
Who'll pick you up each time you fall,
To gather flowers constantly
An' to come each time you call,
A lover for your life an' nothing more,
But it ain't me, babe,
No, no, no, it ain't me, babe,
It ain't me you're lookin' for, babe.


I never said I was deep

I love your body
'Cause I've lost my mind
If you want someone to talk to
You're wasting your time

If you want someone to share your life
Then you need someone who's alive
And if every relationship is a two-way street
I have been screwing in the back whilst you drive

I never said I was deep
But I am profoundly shallow
My lack of knowledge is vast
And my horizons are narrow
I never said I was big
I never said I was clever
And if you're waiting to find
What's going on in my mind
You could be waiting forever
Forever and ever

I can't dance you to the end of the night
'Cause I'm afraid of the dark
I have to confess: I'm out of my depth
You're going over my head
And straight through my heart

Some girls like to play it dirty
Some girls want to be your mom
Me, I disrespected you
Whilst we were waiting for the taxi to come
My morality is shabby, my behaviour unacceptable
No, I'm not looking for a relationship
Just a willing receptacle

I never said I was
I never said I was
I never said I was deep
But I am profoundly shallow
My lack of knowledge is vast
And my horizons are narrow
I never said I was big
I never said I was clever
And if you're waiting to find
what's going on in my mind
you could be waiting forever
Forever and ever

I never said I was deep

Começa dia 20 de Setembro



Vá, o vídeo só tem 29 segundos. Não sejam preguiçosos.

Desabafo

São três e meia da manhã, início de Setembro, I'm writing you now just to see if you're better.

Venho por este meio desabafar. Acordei há coisa de meia-hora com um grupo de raparigas e rapazes estrangeiros que falava animadamente no corredor sendo que agora os ouço falar animadamente num quarto algures, talvez o quarto do lado. De que falam eles? Gostava mesmo de saber. "Já estiveste na Grécia? Oh my god, não posso", "Sim, tipo, opá, eles lá na Alemanha aquilo é um bocado diferente e saímos à noite com altifalantes e coiso, tás a ver? tens mesmo de lá ir, Johannes". Ouço as vozes dos gajos e o som parece a mesma coisa que o jogo dos Sims, quando os gajos conhecem pessoas em festas ou nos jardins: falam da mesma maneira.
Ao mesmo tempo que estes gajos falam e riem tenho ainda a chance de ouvir pum-pum-pum-pum-pum-pum-pum ou pum-pum pum-pum pum-pum, dependendo da música que toca. Se puser a mão na mesa sinto a mesa vibrar com o som. Um baixo de uma música de dança que parece que vem de todas as paredes do quarto e do interior da terra. O efeito que tem na minha cabeça, e arrisco generalizar que o efeito é o mesmo nas demais cabeças expostas a este barulho, é o mesmo efeito dos martelos e dos berbequins quando tentamos dormir às oito da manhã no dia em que um vizinho decidiu fazer obras em casa. A sensação de que a cabeça vai colapsar a qualquer momento, tremer um bocado e abrir uma fenda, como quando há um terramoto, e que da fenda da cabeça vão sair uma data de coisas orgânicas que temos no cérebro. O córtex, por exemplo.

sábado, setembro 05, 2009

Mais paisagens




Aqui existem uns pássaros lindos lindos lindos, com uma cauda muito grande azulão.
Francisco, que pássaros serão?

(uma pessoa só se apercebe que a luz aqui é mais fria e azul do que em Portugal quando tira uma fotografia num dia lindo com muito sol e depois, ao passar as fotografias para o computador, repara que há pouca luz na fotografia)

sexta-feira, setembro 04, 2009

Walkmeniano

Sim, terça-feira fui ver a melhor banda do mundo.
O espaço era pequeno, um intermédio entre o Musicbox e o Paradise Garage. Muito pouca gente a assistir. Estava marcado para as 19h30m e começou às 21h (pensava que aqui os concertos começavam a horas mas deve ser igual em todo o lado quando são concertos pequenos).
A banda de abertura era manhosa. O vocalista tinha um daqueles blazers à militar com botões dourados e isso pareceu-me logo um mau sinal. O som dos gajos era vulgar, cantavam em inglês, daquelas bandas em que não conseguimos fazer distinção entre todas as músicas que os gajos tocam durante o concerto. Tinham um teclista e um instrumento qualquer de sopro amarelo à The National ou à The Walkmen que raramente se ouvia bem mas que, das raras vezes em que se ouviu, me fez lembrar ligeiramente os National. O vocalista dizia umas piadas em sueco entre as músicas que, como é óbvio, não consegui perceber mas deviam ser coisas do tipo "então, pessoal, tá-se?", "como é que é?", "ali nos bastidores temos cerveja, hehe", "então, estão com frio?". Coisas que, como são as bandas a dizer, provocam sempre uns risos entre quem está a assistir.

Os Walkmen. Eu estava na primeira fila (sem pessoas em cima de mim, com espaço à volta), eles entraram e circulou uma aragem fresquinha. Cheiravam bem, a lavadinho. O vocalista vinha a mastigar uma pastilha e todos os gajos da banda vestiam camisas aos quadrados ou lisas.
Começaram com a New Country (aquela que pus aqui) e, catano, senti que não podiam ter começado com outra música.
Não vou falar do concerto e não quero bater na tecla de que o gajo tem a melhor voz do mundo e na raridade que é a voz de um vocalista ao vivo ser igualzinha à voz em disco durante um concerto inteiro.

Para que o resto do dia fosse também walkmeniano, às 23h e pouco perdi o último comboio de volta para Uppsala por dez minutos de atraso. Ohh ficar sozinha na rua durante seis horas durante a madrugada à espera de um comboio. Can't get more walkmeniano.
Entretanto juntei-me a uma rapariga daquelas que trazem uma mochila muito grande às costas. Ela estava sozinha, ia para o norte da Suécia trabalhar numa quinta de um amigo e também só tinha comboio de manhã.
Às cinco e quarenta apanhei o comboio de volta e já era dia. Quando cheguei chovia muito e caminhei à chuva durante 25 minutos até casa. Couldn't be more walkmeniano.



Quem me descobrir ganha um postal com uma paisagem da Suécia.