Dificilmente isto aconteceria no ISCTE, acho eu: começar a primeira aula de uma cadeira de psicologia e passado meia hora estarmos - um auditório com umas 50 ou 60 pessoas - de olhos fechados a fazer um exercício de respiração como os que fazem na meditação. O objectivo era mostrar que quando respiramos com a nossa respiração natural, como os animais, é muito mais difícil concentrarmo-nos em coisas que nos incomodam e sentirmo-nos mal.
Isto tem a ver com o sistema nervoso simpático e com o sistema nervoso parasimpático: o que os animais fazem é estimular o sistema nervoso parasimpático através da respiração, sempre. Por isso é que ultrapassam as coisas desagradáveis muito rápido. Diz a wikipedia:
O sistema nervoso parassimpático é o responsável por estimular acções que permitem ao organismo responder a situações de calma, como fazer yoga ou dormir. Essas acções são: a desaceleração dos batimentos cardíacos, diminuição da pressão arterial, a diminuição da adrenalina, e a diminuição do açúcar no sangue.
A ideia não é nenhuma novidade, claro. Também há professores a fazerem investigação nesta área no ISCTE (curiosamente quem a faz é um professor que já deu aulas aqui na Universidade de Uppsala).
A professora é americana e parece uma Joanna Newsom de 50 e tal anos com o cabelo mais curto. No final os alunos aplaudem a aula e eu estranho. Depois de indagar uma colega sueca, fico a saber que é costume aplaudir sempre as aulas como forma de agradecimento ao professor por ter transmitido conhecimentos e por se ter deslocado até ali (porque há muitos professores que vêm de Estocolmo para estar ali). Não é adorável? O cúmulo da politeness?
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