Sou a favor das pequenas e médias rejeições. São rejeições romantizadas, afectam o rejeitado de uma maneira positiva porque incitam o rejeitado a viver a rejeição de uma forma criativa (à sua maneira: porque há muitas formas de se ser criativo). Rejeições que moem um bocadinho o rejeitado. Mas o rejeitado, no fundo, até aprecia e agradece a moinha.
Pequenas e médias rejeições põem o rejeitado no seu lugar: há pessoas que achamos interessantes que nos acham desinteressantes. Pode dar-se o caso de o rejeitador nem se ter dado ao trabalho de conhecer melhor o rejeitado, de nem lhe ter dado hipóteses de provar que era interessante. Mas pensar assim é um deslize na conduta ideal de um rejeitado: a auto-comiseração é um requisito na vivência de uma pequena e média rejeição.
Encaixo também nas pequenas e médias rejeições as rejeições implícitas: aquelas em que a pessoa passível de ser rejeitada nem se atreve a comunicar um padrão invulgar de activação do sistema nervoso autónomo ao possível rejeitador pelo perigo eminente, quase certo, de rejeição. O rejeitado põe então em acção o plano r (plano rejeição) e vive para dentro. Assim, todas as possibilidades de episódios que podiam acontecer entre rejeitado e rejeitador têm projecção regular na cabeça do rejeitado.
As pequenas e médias rejeições passam quando passarem, não há pressa, não moem muito, não prejudicam a vivência do rejeitado – até a enriquecem. Provavelmente a seguir a uma pequena e média rejeição vem outra pequena e média rejeição e o rejeitado nem dá por isso de tão boa que é a moinha.
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7 comentários:
elá, isso tá merecedor dum lugar no "como tornar-se doente mental" edição 100
mas não deste exemplos desses tipos de rejeições, de modo a que o leitor perceba a que te referes.
Não sei se concordo muito com isto. Se me disseres que é melhor sentir uma rejeição que não sentir nada, eu até sou capaz de concordar. Faz uma pessoa sentir-se viva e tal. Mas, se à partida a pessoa está interessada, uma rejeição nunca é positiva.
O comentário anterio foi meu mas tava ligado com o mail geral do mestrado e por alguma razão aparece inês. Deve ter sido quem o criou.
lol
lol também para o facto de franês não ter percebido nada, digo eu, mas a sara explica, se lhe der para aí.
É, sou um bocado burro, eu.
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