segunda-feira, novembro 30, 2009
Hoje é um dia importante porque sai este disco
Já estou apaixonada pela "Nem lhe tocava" (está no myspace). Aquele piano mais agudo aos 3 minutos e 57 segundos. Que bonito que é. Que bom que era poder ir à Fnac comprar o disco.
Roubar letras de músicas
Eugene, I'm lost
The world as we know it is round
Well, I've traveled so far and I'm worn
And I've lived in a suitcase for too long
Eugene, I'm lost
The whole world around us is too small
Seven years of holidays
Cafes, bars and sunny days
We ran around, banged our heads
Never felt no pain
I hope we'll find our peace someday
Until then these wild nights are no fun
My old friend
My old friend
Oh, someday when this darkness fades
We'll wed our girls and move away
We'll buy some land and build us homes
And no more will we stray
I've traveled so far
I'm done
Eugene, I'm lost
[Seven Years of Holidays (for Stretch) dos Walkmen]
The world as we know it is round
Well, I've traveled so far and I'm worn
And I've lived in a suitcase for too long
Eugene, I'm lost
The whole world around us is too small
Seven years of holidays
Cafes, bars and sunny days
We ran around, banged our heads
Never felt no pain
I hope we'll find our peace someday
Until then these wild nights are no fun
My old friend
My old friend
Oh, someday when this darkness fades
We'll wed our girls and move away
We'll buy some land and build us homes
And no more will we stray
I've traveled so far
I'm done
Eugene, I'm lost
[Seven Years of Holidays (for Stretch) dos Walkmen]
domingo, novembro 29, 2009
Sábado
Ontem o aborrecimento que sentia era tanto que me enfiei numa discoteca (na minha escala de desespero por aborrecimento, isto é o topo do desespero por aborrecimento). Estava tão entediada que mal não me ia fazer de certeza. Na pior das hipóteses voltava para casa deprimida e com um par de observações semi-sociológicas geradas.
É giro como as pessoas na noite se cumprimentam com entusiasmo e abracinhos como se se conhecessem há muito tempo e fossem muito amigos - quando só falaram três vezes na vida para dizer coisas tipo "obrigada" e "olá".
Já não ouvia o termo "curtir" (como na frase "A Susana curtiu com o Paulo duas vezes mas ele diz que ela é demasiado calma para ele" - eu ouvi estra frase, mas com nomes diferentes) desde que tinha uns 16 ou 17 anos. Altura em que devo ter começado a escolher melhor as companhias e/ou a desenvolver a falta de consideração que hoje tenho por pessoas no geral.
É giro como as pessoas na noite se cumprimentam com entusiasmo e abracinhos como se se conhecessem há muito tempo e fossem muito amigos - quando só falaram três vezes na vida para dizer coisas tipo "obrigada" e "olá".
Já não ouvia o termo "curtir" (como na frase "A Susana curtiu com o Paulo duas vezes mas ele diz que ela é demasiado calma para ele" - eu ouvi estra frase, mas com nomes diferentes) desde que tinha uns 16 ou 17 anos. Altura em que devo ter começado a escolher melhor as companhias e/ou a desenvolver a falta de consideração que hoje tenho por pessoas no geral.
sábado, novembro 28, 2009
Whatever works
Claro que é mais do mesmo: mais azedume, issues existenciais e desprezo pela sociedade. Típico do Woody Allen. Mas isso é bom, é sempre bom. Sentimo-nos bem a ouvir aquilo tudo porque é mesmo aquilo que também pensamos sobre as coisas. Muito, muito giro. Tem óptimas falas. E o Larry David é tão Woody Allen que às tantas nos esquecemos que é o Larry David que está ali e pensamos que é o Woody Allen. Ou então ao contrário, começamos a pensar que o Woody Allen nunca entrou em nenhum filme dele: era sempre o Larry David que entrava.
Lá para a frente o filme aparvalha um bocado com a evolução das personagens: uma evolução que torna as personagens muito superficiais e abonecadas e pouco humanizadas. Mas claro que vale a pena ver o filme na mesma.
sexta-feira, novembro 27, 2009
Been there, done that: Parte III
Nah, não vale a pena haver uma terceira parte sobre a viagem. A terceira parte era demasiado egocêntrica: servia para me gabar um bocado dos meus dotes karaokísticos e pouco mais.
terça-feira, novembro 24, 2009
Been there, done that: Parte II
Sexta-feira. Fiquei naquela parte antes do jantar em que era ostracizada por causa dos Black Eyed Peas.
Pois é, depois tudo o resto se passou rápido nesse dia: jantar, ir lá fora ver o mar (uma mancha preta solene indiscernível do céu também ele uma mancha preta solene), ir ao bar que tinha karaoke e acho-que-me-vou-deitar-que-estou-cansada. Fui para a cama em paz: com a These Boots are Made for Walking cantada em karaoke, portanto.
Sábado de manhã chegámos a Riga. Revejo as 12 fotografias que tirei para me lembrar melhor.
Sei que tínhamos umas cinco horas para andar em Riga antes de voltar ao barco.
Pelos vistos os interesses dos compinchas de grupo eram basicamente os mesmos pois que todos seguiam pelas ruas satisfeitos e com os mesmos comportamentos. Um dos compinchas de grupo, o albanês, apoderou-se de um mapa de Riga mal pôs os pés em terra e jamais o largou. Dizia-nos: "vamos seguir este percurso desenhado no mapa que é o percurso para ver as fachadas dos monumentos mais importantes". Seguia sempre à frente, sempre ansioso, sempre sedento de mais fachadas de monumentos. Os outros compinchas, mais preguiçosos, andando lentamente, mais ansiedade despoletavam no jovem albanês sedento de arquitectura.
Sei que andámos muito em círculos e que não andámos nada de especial. Ao vislumbrarem qualquer prédio, por mais vulgar que fosse, todos os compinchas de grupo abrandavam o passo, chegando mesmo a parar. Metiam a mão ao bolso à velocidade da luz e sacavam vigorosamente das máquinas fotográficas. De máquina fotográfica em riste, fotografavam muito durante 10 segundos o mesmo prédio e continuavam depois todos a andar outra vez. Todos com as mesmas fotografias em cada máquina. Fotografias de grupo foram também actividade escolhida pelos compinchas de grupo.
Compinchas de grupo entraram também em cinco lojas diferentes de souveniers: desisti de entrar à segunda pois todas as lojas de souveniers têm exactamente a mesmíssima coisa que todas as outras lojas de souveniers e quem não percebe isso, bem, não sei. Se as lojas de souveniers na Suécia têm Vickings e renas e se as lojas de souveniers em Portugal têm o galo de Barcelos, bonecas russas preenchiam as prateleiras das lojas de souveniers de Riga.
Para além de tempo para tomar o pequeno-almoço num café com bolos bons e visitar uma igreja com um quadro do Lutero na parede, sobrou ainda tempo para almoçar e para ir ao supermercado. Era tempo de voltar para o barco.
Que bom visitar Riga. Ei, já estive em Riga. I had a great time in Riga, exprimem as fotografias das pessoas no Facebook. Às tantas há quem acredite nisso. Mas eu cá sei que nenhum de nós esteve em Riga.
[para finalizar, noite de sábado é brevemente descrita amanhã]
Pois é, depois tudo o resto se passou rápido nesse dia: jantar, ir lá fora ver o mar (uma mancha preta solene indiscernível do céu também ele uma mancha preta solene), ir ao bar que tinha karaoke e acho-que-me-vou-deitar-que-estou-cansada. Fui para a cama em paz: com a These Boots are Made for Walking cantada em karaoke, portanto.
Sábado de manhã chegámos a Riga. Revejo as 12 fotografias que tirei para me lembrar melhor.
Sei que tínhamos umas cinco horas para andar em Riga antes de voltar ao barco.
Pelos vistos os interesses dos compinchas de grupo eram basicamente os mesmos pois que todos seguiam pelas ruas satisfeitos e com os mesmos comportamentos. Um dos compinchas de grupo, o albanês, apoderou-se de um mapa de Riga mal pôs os pés em terra e jamais o largou. Dizia-nos: "vamos seguir este percurso desenhado no mapa que é o percurso para ver as fachadas dos monumentos mais importantes". Seguia sempre à frente, sempre ansioso, sempre sedento de mais fachadas de monumentos. Os outros compinchas, mais preguiçosos, andando lentamente, mais ansiedade despoletavam no jovem albanês sedento de arquitectura.
Sei que andámos muito em círculos e que não andámos nada de especial. Ao vislumbrarem qualquer prédio, por mais vulgar que fosse, todos os compinchas de grupo abrandavam o passo, chegando mesmo a parar. Metiam a mão ao bolso à velocidade da luz e sacavam vigorosamente das máquinas fotográficas. De máquina fotográfica em riste, fotografavam muito durante 10 segundos o mesmo prédio e continuavam depois todos a andar outra vez. Todos com as mesmas fotografias em cada máquina. Fotografias de grupo foram também actividade escolhida pelos compinchas de grupo.
Compinchas de grupo entraram também em cinco lojas diferentes de souveniers: desisti de entrar à segunda pois todas as lojas de souveniers têm exactamente a mesmíssima coisa que todas as outras lojas de souveniers e quem não percebe isso, bem, não sei. Se as lojas de souveniers na Suécia têm Vickings e renas e se as lojas de souveniers em Portugal têm o galo de Barcelos, bonecas russas preenchiam as prateleiras das lojas de souveniers de Riga.
Para além de tempo para tomar o pequeno-almoço num café com bolos bons e visitar uma igreja com um quadro do Lutero na parede, sobrou ainda tempo para almoçar e para ir ao supermercado. Era tempo de voltar para o barco.
Que bom visitar Riga. Ei, já estive em Riga. I had a great time in Riga, exprimem as fotografias das pessoas no Facebook. Às tantas há quem acredite nisso. Mas eu cá sei que nenhum de nós esteve em Riga.
[para finalizar, noite de sábado é brevemente descrita amanhã]
segunda-feira, novembro 23, 2009
Been there, done that: Parte I
Está feito. Já posso criticar, com base empírica, as viagens-relâmpago.
Sexta-feira. São quatro e tal da tarde. Entramos no barco à pressa porque alguém do nosso grupo se atrasou. Um espanhol, diz-se. O barco tem aspecto de anos 70: é uma espécie de hotel com corrimãos dourados e alcatifas em tons bordeaux e azul-escuro com padrões vários. No elevador ouve-se muito baixinho a Jesus to a Child do George Michael.
No caminho para a cabine (quarto?) começo a perceber melhor que o barco é interessante e que aquilo vai ser divertido. Sinto-me num filme de espionagem dos anos 70 sobre a Guerra Fria. Sim, a música do George Michael é anacrónica neste contexto mas nem me lembro disso. Senhores com ar de russos passam por mim e imagino-os a espetarem uma faca disfarçada de telemóvel nas minhas costas e a inserirem um microfone quase invisível no casaco de alguém. O meu companheiro de espionagem, o Paul Newman, espera-me ao pé do elevador no piso 2 de fatinho vestido - imagino eu.
No piso 2 não encontro o Paul Newman à minha espera, claro. Compinchas de grupo e eu dirigimo-nos à cabine onde vamos dormir: tem quatro camas e é minúscula. Imagino que vai ser uma noite horrível.
Vai anoitecendo e vamos espreitando o barco: tem restaurantes, sauna, lojas com chocolates, álcool e perfumes, uns bares e um mini-casino. Alguns compinchas de grupo compram álcool.
Mais tarde, fazendo tempo numa das cabines até que fosse hora de jantar ou assim, com mais quatro compinchas de grupo, sou ostracizada por não conhecer a "I Got a Feeling dos Black Eyed Peas". É um escândalo. Sinto-me leprosa. "Não conheces a I got a Feeling dos Black Eyed Peas? A tua vida é o quê? Faculdade-casa-faculdade? Não vai a discotecas? Nem a lojas? Não sais de casa?", diz o albanês. Sinto que vou ser expulsa da cabine, atirada para o mar.
Ao mesmo tempo que sou ostracizada, os meus compinchas põem música directamente de um telemóvel enquanto falam ao mesmo tempo. Começa a doer-me muito a cabeça e não percebo como é que conseguem fazer isto: falar alto e ao mesmo tempo ouvir música directamente de um telemóvel com aquele som arranhado, horrível e insuportável que quase nem é música - como fazem os chungas que ouvem música no metro e nós temos de gramar com aquilo sem poder dizer nada. Vão pondo músicas e vão-me perguntando se eu gosto das músicas. Para me agradar põem os Killers, uma música mesmo má que quase parece música pimba daquelas mesmo más. Tipo aquela dos humans e dos dancers. Eu vou dizendo que não gosto. Supõem que eu gosto dos Killers porque Killers é música alternativa sendo que para eles eu sou considerada uma pessoa que gosta de música alternativa. Sendo que isso significa gostar dos Radiohead, dos Muse e dos Killers. Como eles não são chungas que vão no metro, na linha vermelha, peço delicadamente para tirarem a música e eles tiram.
[continua amanhã que tenho coisas para ler]
Sexta-feira. São quatro e tal da tarde. Entramos no barco à pressa porque alguém do nosso grupo se atrasou. Um espanhol, diz-se. O barco tem aspecto de anos 70: é uma espécie de hotel com corrimãos dourados e alcatifas em tons bordeaux e azul-escuro com padrões vários. No elevador ouve-se muito baixinho a Jesus to a Child do George Michael.
No caminho para a cabine (quarto?) começo a perceber melhor que o barco é interessante e que aquilo vai ser divertido. Sinto-me num filme de espionagem dos anos 70 sobre a Guerra Fria. Sim, a música do George Michael é anacrónica neste contexto mas nem me lembro disso. Senhores com ar de russos passam por mim e imagino-os a espetarem uma faca disfarçada de telemóvel nas minhas costas e a inserirem um microfone quase invisível no casaco de alguém. O meu companheiro de espionagem, o Paul Newman, espera-me ao pé do elevador no piso 2 de fatinho vestido - imagino eu.
No piso 2 não encontro o Paul Newman à minha espera, claro. Compinchas de grupo e eu dirigimo-nos à cabine onde vamos dormir: tem quatro camas e é minúscula. Imagino que vai ser uma noite horrível.
Vai anoitecendo e vamos espreitando o barco: tem restaurantes, sauna, lojas com chocolates, álcool e perfumes, uns bares e um mini-casino. Alguns compinchas de grupo compram álcool.
Mais tarde, fazendo tempo numa das cabines até que fosse hora de jantar ou assim, com mais quatro compinchas de grupo, sou ostracizada por não conhecer a "I Got a Feeling dos Black Eyed Peas". É um escândalo. Sinto-me leprosa. "Não conheces a I got a Feeling dos Black Eyed Peas? A tua vida é o quê? Faculdade-casa-faculdade? Não vai a discotecas? Nem a lojas? Não sais de casa?", diz o albanês. Sinto que vou ser expulsa da cabine, atirada para o mar.
Ao mesmo tempo que sou ostracizada, os meus compinchas põem música directamente de um telemóvel enquanto falam ao mesmo tempo. Começa a doer-me muito a cabeça e não percebo como é que conseguem fazer isto: falar alto e ao mesmo tempo ouvir música directamente de um telemóvel com aquele som arranhado, horrível e insuportável que quase nem é música - como fazem os chungas que ouvem música no metro e nós temos de gramar com aquilo sem poder dizer nada. Vão pondo músicas e vão-me perguntando se eu gosto das músicas. Para me agradar põem os Killers, uma música mesmo má que quase parece música pimba daquelas mesmo más. Tipo aquela dos humans e dos dancers. Eu vou dizendo que não gosto. Supõem que eu gosto dos Killers porque Killers é música alternativa sendo que para eles eu sou considerada uma pessoa que gosta de música alternativa. Sendo que isso significa gostar dos Radiohead, dos Muse e dos Killers. Como eles não são chungas que vão no metro, na linha vermelha, peço delicadamente para tirarem a música e eles tiram.
[continua amanhã que tenho coisas para ler]
quarta-feira, novembro 18, 2009
terça-feira, novembro 17, 2009
Viagens-relâmpago
Para poder criticar com propriedade, esta sexta-feira faço uma viagem relâmpago a Riga.
segunda-feira, novembro 16, 2009
Passar a consciencia para o papel enquanto ainda cá está
Não foi o Doctor Phil que me ensinou mas podia ter sido. Já fiz coisas parecidas para fazer trabalhos da faculdade e afianço que resulta.
sábado, novembro 14, 2009
Este foi mesmo diálogo à série de televisão
[Batemos às portas dos vizinhos para eles responderem a um questionário]
Elizabeth: Oh, I'm not gonna knock at her door. You can knock at her door. But then she's gonna want to be friends with you, she's gonna knock at your door, she will want to talk to you...
Sara: No, don't worry. Nobody is ever interested in talking to me, knocking at my door or being friends with me.
Elizabeth: Sara! You're making a projection: it's you who are not interested in others or in talking to others.
Pronto, depois eu olhava para o horizonte e descobria o problema do doente.
Elizabeth: Oh, I'm not gonna knock at her door. You can knock at her door. But then she's gonna want to be friends with you, she's gonna knock at your door, she will want to talk to you...
Sara: No, don't worry. Nobody is ever interested in talking to me, knocking at my door or being friends with me.
Elizabeth: Sara! You're making a projection: it's you who are not interested in others or in talking to others.
Pronto, depois eu olhava para o horizonte e descobria o problema do doente.
quinta-feira, novembro 12, 2009
Internacionalidade
Mantenho três conversas no Facebook: uma em português, uma em inglês e uma em sueco.
Mandar às urtigas
Agora que reactivei o Facebook, mando o blogue às urtigas.
(Era só uma reflexão inconsequente, mau-humor de dia de anos. Claro que não acho insultuoso, antes pelo contrário.
Eu também desejo dias agradáveis às pessoas. E também gosto das pessoas a quem desejo dias agradáveis.)
(Era só uma reflexão inconsequente, mau-humor de dia de anos. Claro que não acho insultuoso, antes pelo contrário.
Eu também desejo dias agradáveis às pessoas. E também gosto das pessoas a quem desejo dias agradáveis.)
terça-feira, novembro 10, 2009
Trust
segunda-feira, novembro 09, 2009
Confiança, respeito e admiração
O que intereressa a Hartley é mostrar como dois inadaptados podem encontrar consolo numa alma quase gémea. (...) Maltratados pelo mundo, eles reconhecem-se e aceitam-se tal como são, numa espécie de tristeza partilhada, a sua solidão mitigada pela companhia magoada do outro. Hartley filma as suas personagens num subúrbio agreste e indistinto, que funciona como uma espécie de deserto moral: ninguém tem grandes convicçoes nem grandes esperanças, apenas traumas e uma infelicidade que se confunde com misantropia.
O que é que Matthew encontra em Maria? E Maria em Matthew? Acima de tudo, confiança. O nome do filme ilustra essa ideia: amamos aqueles em quem confiamos totalmente. Maria testa Matthew (assumindo um risco) quando se atira de cima de um muro, esperando que ele a agarre (o que acontece). Matthew, emocionalmente mais fugidio, reconhece que tem «confiança» nela. E não apenas confiança: também «respeito» e «admiração». Então Maria pergunta se «confiança, respeito e admiração» não é o mesmo que amor. Na verdade, não é uma pergunta: ela exige que Matthew confirme isso. E ele admite: «it equals love».
[Parte de uma crónica do Pedro Mexia, no livro Nada de Melancolia, claro]
Confiança, respeito e admiração. Muito elucidativo. Vou já procurar o filme. Chama-se Trust, é de 1990 e o realizador chama-se Hal Hartley.
O que é que Matthew encontra em Maria? E Maria em Matthew? Acima de tudo, confiança. O nome do filme ilustra essa ideia: amamos aqueles em quem confiamos totalmente. Maria testa Matthew (assumindo um risco) quando se atira de cima de um muro, esperando que ele a agarre (o que acontece). Matthew, emocionalmente mais fugidio, reconhece que tem «confiança» nela. E não apenas confiança: também «respeito» e «admiração». Então Maria pergunta se «confiança, respeito e admiração» não é o mesmo que amor. Na verdade, não é uma pergunta: ela exige que Matthew confirme isso. E ele admite: «it equals love».
[Parte de uma crónica do Pedro Mexia, no livro Nada de Melancolia, claro]
Confiança, respeito e admiração. Muito elucidativo. Vou já procurar o filme. Chama-se Trust, é de 1990 e o realizador chama-se Hal Hartley.
domingo, novembro 08, 2009
Tem um dia agradável
Diferentes pessoas recomendaram-me coisas parecidas: que eu tivesse um dia simpático, um dia agradável dentro do possível, um dia minimamente decente.
Não sei o que é que leva as pessoas a suporem que é do meu agrado ter um dia simpático, agradável dentro do possível ou minimamente decente. Um dia desagradável é também um dia agradável, desde que haja saúde: está-se vivo, sentem-se coisas e há coisas a acontecer dentro e fora de nós. Como ter dias desagradáveis? Todos os dias são dias agradáveis, por mais desagradáveis que sejam.
Não sei o que é que leva as pessoas a suporem que é do meu agrado ter um dia simpático, agradável dentro do possível ou minimamente decente. Um dia desagradável é também um dia agradável, desde que haja saúde: está-se vivo, sentem-se coisas e há coisas a acontecer dentro e fora de nós. Como ter dias desagradáveis? Todos os dias são dias agradáveis, por mais desagradáveis que sejam.
Confirmo
Tento pôr um comentário no livejournal da Cláudia e o livejournal diz-me: Please confirm you are a human below.
Ainda bem que a confirmação é só inserir umas letrinhas que aparecem escritas no ecrã. Assim também eu.
Se quisermos explorar isto e usar uma interpretação pedro-mexiana, aquele human below podia ser uma expressão inteira, uma espécie de adjectivo, e querer dizer a human at a lower place: por favor confirme que é uma pessoa de categoria baixa, de má qualidade em comparação com as outras pessoas.
Ainda bem que a confirmação é só inserir umas letrinhas que aparecem escritas no ecrã. Assim também eu.
Se quisermos explorar isto e usar uma interpretação pedro-mexiana, aquele human below podia ser uma expressão inteira, uma espécie de adjectivo, e querer dizer a human at a lower place: por favor confirme que é uma pessoa de categoria baixa, de má qualidade em comparação com as outras pessoas.
Festarola
Está a decorrer uma festa opá tipo brutal aqui no meu quarto.
Eu e a Cindy, pá, estamos aqui a ouvir música muita alta e a curtir bué a cena. Além disso estamos a beber vodka puro. Que cena.
A Cindy a beber vodka:
Eu e a Cindy enquanto falamos sobre a faculdade e sobre gajos e bebemos vodka:
Fotografia que a Cindy vai pôr no Facebook:
(Não sou assim tão anti-social: fui almoçar com colegas)
sábado, novembro 07, 2009
Swedish suicide impulse
(o filme é de 1971, chama-se Minnie and Moskowitz e é do John Cassavetes)
Lembra o George Costanza, não é?
sexta-feira, novembro 06, 2009
Sexta-feira
Acabo de vir de uma coisa, um espaço com mesas e um palco, em que jovens estudantes iam ao palco e tocavam e cantavam uma ou duas músicas. Uma mostra de talentos, fosse alguém ter talento. Era preciso inscrição prévia.
Quando lá cheguei até fiquei agradavelmente surpreendida, para as minhas expectativas: um rapaz giro, com uma guitarra semi-acústica e o cabelo castanho grande aos caracóis, dizia bem do Neil Young e logo a seguir tocava a My My, Hey Hey. Mas depois a coisa piorou e outras pessoas tocaram aquelas coisas que a pessoa já nem se lembra que existem tipo a Sing sing sing dos Travis. Quem é que se lembra que isto ainda existe? Quem é que se lembra de tocar isto?
Não havia só versões, não senhor, embora a maioria das pessoas tocasse versões. Estavam lá dois colegas da minha turma de psicologia que tocaram originais: um deles tem uma banda que faz música tão vulgar que é incatalogável e o outro tocou uma balada ao piano e parou a meio porque estava mesmo muito barulho. Só por causa disto é oficialmente, a partir de hoje, o B Fachada sueco. Tem uma barbicha e tudo.
Quando lá cheguei até fiquei agradavelmente surpreendida, para as minhas expectativas: um rapaz giro, com uma guitarra semi-acústica e o cabelo castanho grande aos caracóis, dizia bem do Neil Young e logo a seguir tocava a My My, Hey Hey. Mas depois a coisa piorou e outras pessoas tocaram aquelas coisas que a pessoa já nem se lembra que existem tipo a Sing sing sing dos Travis. Quem é que se lembra que isto ainda existe? Quem é que se lembra de tocar isto?
Não havia só versões, não senhor, embora a maioria das pessoas tocasse versões. Estavam lá dois colegas da minha turma de psicologia que tocaram originais: um deles tem uma banda que faz música tão vulgar que é incatalogável e o outro tocou uma balada ao piano e parou a meio porque estava mesmo muito barulho. Só por causa disto é oficialmente, a partir de hoje, o B Fachada sueco. Tem uma barbicha e tudo.
Pequenas e médias rejeições
Sou a favor das pequenas e médias rejeições. São rejeições romantizadas, afectam o rejeitado de uma maneira positiva porque incitam o rejeitado a viver a rejeição de uma forma criativa (à sua maneira: porque há muitas formas de se ser criativo). Rejeições que moem um bocadinho o rejeitado. Mas o rejeitado, no fundo, até aprecia e agradece a moinha.
Pequenas e médias rejeições põem o rejeitado no seu lugar: há pessoas que achamos interessantes que nos acham desinteressantes. Pode dar-se o caso de o rejeitador nem se ter dado ao trabalho de conhecer melhor o rejeitado, de nem lhe ter dado hipóteses de provar que era interessante. Mas pensar assim é um deslize na conduta ideal de um rejeitado: a auto-comiseração é um requisito na vivência de uma pequena e média rejeição.
Encaixo também nas pequenas e médias rejeições as rejeições implícitas: aquelas em que a pessoa passível de ser rejeitada nem se atreve a comunicar um padrão invulgar de activação do sistema nervoso autónomo ao possível rejeitador pelo perigo eminente, quase certo, de rejeição. O rejeitado põe então em acção o plano r (plano rejeição) e vive para dentro. Assim, todas as possibilidades de episódios que podiam acontecer entre rejeitado e rejeitador têm projecção regular na cabeça do rejeitado.
As pequenas e médias rejeições passam quando passarem, não há pressa, não moem muito, não prejudicam a vivência do rejeitado – até a enriquecem. Provavelmente a seguir a uma pequena e média rejeição vem outra pequena e média rejeição e o rejeitado nem dá por isso de tão boa que é a moinha.
Pequenas e médias rejeições põem o rejeitado no seu lugar: há pessoas que achamos interessantes que nos acham desinteressantes. Pode dar-se o caso de o rejeitador nem se ter dado ao trabalho de conhecer melhor o rejeitado, de nem lhe ter dado hipóteses de provar que era interessante. Mas pensar assim é um deslize na conduta ideal de um rejeitado: a auto-comiseração é um requisito na vivência de uma pequena e média rejeição.
Encaixo também nas pequenas e médias rejeições as rejeições implícitas: aquelas em que a pessoa passível de ser rejeitada nem se atreve a comunicar um padrão invulgar de activação do sistema nervoso autónomo ao possível rejeitador pelo perigo eminente, quase certo, de rejeição. O rejeitado põe então em acção o plano r (plano rejeição) e vive para dentro. Assim, todas as possibilidades de episódios que podiam acontecer entre rejeitado e rejeitador têm projecção regular na cabeça do rejeitado.
As pequenas e médias rejeições passam quando passarem, não há pressa, não moem muito, não prejudicam a vivência do rejeitado – até a enriquecem. Provavelmente a seguir a uma pequena e média rejeição vem outra pequena e média rejeição e o rejeitado nem dá por isso de tão boa que é a moinha.
quinta-feira, novembro 05, 2009
Vulnerabilidade
Nobody cares. Nobody has the time to be vulnerable to each other. So we just go on. I mean, right away our armor comes out like a shield and goes around us and, uh, we become like mechanical men. Yeah. And I called you a mechanical woman, huh? I got news. I'm so mechanical. Honey, it's absolutely ludicrous how mechanical a person can be.
[em Faces do John Cassavetes]
[em Faces do John Cassavetes]
quarta-feira, novembro 04, 2009
Cidade dos duplos
- O funcionário da biblioteca de psicologia é parecido com o Ethan Hawke (o gajo do Before Sunrise e do outro filme)
- Um colega da turma de psicologia é parecido com o Heath Ledger (em versão morena e menos giro)
- Outro colega da turma de psicologia lembrava-me o Beck mas ainda não era bem o Beck que me lembrava: hoje percebi que é uma mistura do Beck e do Wes Anderson (esse gajos até são parecidos)
- Um vizinho ali do prédio ao lado é igualzinho ao Brad Pitt só que é baixinho (esse é que é mesmo igualzinho, a sério, até faz impressão)
- Outro colega da turma de psicologia é parecido com o vocalista dos Muse (em versão loura e um bocado mais giro)
- Um colega da turma de psicologia é parecido com o Heath Ledger (em versão morena e menos giro)
- Outro colega da turma de psicologia lembrava-me o Beck mas ainda não era bem o Beck que me lembrava: hoje percebi que é uma mistura do Beck e do Wes Anderson (esse gajos até são parecidos)
- Um vizinho ali do prédio ao lado é igualzinho ao Brad Pitt só que é baixinho (esse é que é mesmo igualzinho, a sério, até faz impressão)
- Outro colega da turma de psicologia é parecido com o vocalista dos Muse (em versão loura e um bocado mais giro)
terça-feira, novembro 03, 2009
domingo, novembro 01, 2009
1 de Novembro
Como não me lembrar quando o meu problema existencial se gerou verdadeiramente há um ano?
Hoje está um Domingo muito parecido com o Sábado de há um ano atrás. Um Sábado que pareceu um Domingo. Silent and grey. Recapitulo tudo, revejo as imagens todas, passo pelas diferentes etapas, pelo organismo que foi deixando de funcionar progressivamente, e tento sempre pôr-me na cabeça dele, sentir o mesmo que ele terá sentido. Impossível, claro. A morte é um estado para o qual se vai sozinho.
Não me quero distrair porque tenho medo de me esquecer: por isso faço questão em reviver tudo regularmente. Tenho medo de desaprender, de perder a consciência da coisa que verdadeiramente interessa. Posso ser masoquista mas tento também ser estóica. Não quero recalcar: quero entender, aceitar e estar em paz com isso.
Que a morte nos apanhe prevenidos.
Hoje está um Domingo muito parecido com o Sábado de há um ano atrás. Um Sábado que pareceu um Domingo. Silent and grey. Recapitulo tudo, revejo as imagens todas, passo pelas diferentes etapas, pelo organismo que foi deixando de funcionar progressivamente, e tento sempre pôr-me na cabeça dele, sentir o mesmo que ele terá sentido. Impossível, claro. A morte é um estado para o qual se vai sozinho.
Não me quero distrair porque tenho medo de me esquecer: por isso faço questão em reviver tudo regularmente. Tenho medo de desaprender, de perder a consciência da coisa que verdadeiramente interessa. Posso ser masoquista mas tento também ser estóica. Não quero recalcar: quero entender, aceitar e estar em paz com isso.
Que a morte nos apanhe prevenidos.
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