Vou a casa das minhas colegas à noite para ver um filme. Chego lá e não sabem muito bem que filme ver. Uma das colegas sugere o Brüno: "não eras tu que querias ver o Brüno, Sara?". Respondo-lhe que sim.
Somos cinco a ver o filme. A cada coisa que aparece (e.g., sexo entre gays com coreografias muito cómicas ou um pénis que dança) todos riem entre dentes, envergonhados, e dizem "que horror", "isto é que era suposto ser um filme bom?".
Não estão a gostar mesmo nada do filme e eu percebo imediatamente porquê: porque não conseguem ver a criatividade e a comicidade das cenas nem conseguem observar e tirar prazer do embaraço das pessoas que o Brüno aborda no filme. Porquê? Porque estão muito ocupados a sentirem-se desconfortáveis. Têm a mesmíssima reacção dessas tais pessoas que o Brüno aborda no filme: sentem-se muito incomodados e desconfortáveis.
Dois deles decidem ir dormir e acabamos por tirar o filme. Um deles, muito incomodado, diz que foi um desperdício de tempo.
O Diácono Remédios é uma caricatura perfeita destas pessoas. Pessoas que "ai que horror" mas que depois coiso e tal. Nem preciso de dizer mais nada, não é?
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2 comentários:
Eu percebo esse embaraço. Não vi o filme em questão mas eu fico muito embaraçado pelas pessoas quando vejo algumas coisas na TV. Suponho que seja com coisas que não têm fins de comédia mas mesmo assim compreendo. Mas esse tipo de comédia tem isso de interessante. É como no The Officce inglês que a pessoa quase que fica incomodada pela forma como o David Brent acha que todos o adoram e os seues métodos são sempre os melhores. Deve ter um nome esse tipo de comédia. Pessoalmente gosto bastante mas é difícil ser bem feita (como a comédia em geral, diga-se).
Sim, percebo. Mas o Office acho que tem esse objectivo. Aqui não é bem esse o caso. Ou melhor, também pode ser suposto a pessoa sentir-se confrangida (não faço ideia) mas o filme tem coisas mais giras que isso. Dá para observar a forma como as pessoas reagem - é muito giro ver como as pessoas reagem quando lhes tiram o tapete e são confrontadas com uma situação bizarra e inesperada.
E depois há também o óbvio que é criticar coisas. Vemos um pastor que converte gays a tentar heterossexualizar o Brüno (fogo, e lembrou-me imenso o gajo do Office). Cá está uma coisa gira e curiosa: ouvir o discurso de um pastor que converte gays. Só para dar um exemplo.
Mas eles não chegam mesmo lá. Nada de mal em ficar-se embaraçado: mas eles ficam-se mesmo só por aí e não conseguem tirar proveito do resto.
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